domingo, 22 de maio de 2016

Escola Alemã e Escola Francesa de Geografia

O que são Possibilismo e Determinismo geográficos?

A Escola Alemã e o Determinismo Geográfico:

                 Alexander Von Humboldt (1769-1859), Karl Ritter (1779-1859) e Friedrich Ratzel (1844-1904) foram os nomes de maior destaque na escola alemã surgida no século XIX, sendo os dois primeiros os responsáveis pela sistematização da geografia como ciência, neste tempo, a geografia tradicional, geografia que apresentou o positivismo de Augusto Comte (1798-1857), ou seja baseando-se na observação; e o último, veio a formular a teoria do determinismo ambiental, o primeiro paradigma a caracterizar a geografia em emerge no final do século XIX.
A teoria do determinismo ambiental formulada por Ratzel, fala das influências que as condições naturais exerceriam sobre o ser humano, sustentando a tese de que o meio natural determinaria o homem. Neste sentido, os homens procurariam organizar o espaço para garantir a manutenção da vida. O maior sinal de perca de uma sociedade seria a perda do território.
As afirmações de Ratzel estavam fortemente ligadas ao momento histórico em que ele vivia, durante a unificação alemã. O expansionismo do Império Alemão, arquitetado pelo primeiro-ministro da Prússia, Otto von Bismarck (1815-1898), foi legitimado pelas duas principais correntes de pensamento ratzeliano, o determinismo geográfico e o espaço vital (espaço necessário para a sobrevivência de uma dada comunidade). A primeira explicaria a superioridade de algumas raças, nesse caso, a alemã, que naturalmente se desenvolveria mais que as outras, e a segunda justificaria a conquista de novos territórios para suprir a maior demanda de recursos para seu desenvolvimento, ou seja, expansionismo.
Os discípulos do determinismo foram além das proposições ratzelianas, chegando a afirmar que o homem seria um produto do meio. Defendiam que um meio natural mas hostil, proporcionaria um maior nível de desenvolvimento ao exigir um alto grau de organização social para suportar todas as contrariedades impostas pelo meio. Ex: O inverno justificaria o desenvolvimento das sociedades europeias, que não tiveram grandes dificuldades em subjugar os povos tropicais, mais indolentes e atrasados. Essa ideia justificou o expansionismo neocolonial na África e na Ásia entre o fim do século XIX e o início do século XX. Pensamentos que, mais tarde, foram aproveitados pelos cientistas e políticos da Alemanha Nazista.

A Escola Francesa e o Possibilismo Geográfico:

                       Ao final do século XIX, em reação ao determinismo geográfico, surge na França, o Possibilismo. Este procurou abolir qualquer forma de determinação, adotando a ideia de que a ação humana é marcada pela contingência. A natureza era considerada como fornecedora de possibilidades para que o homem a modificasse. Teve como precursor  Paul Vidal de La Blanche (1845-1918), sem dúvida, o nome de maior destaque da escola francesa de geografia.
                      Enquadrado no pensamento político dominante, num momento em que a França tornou-se uma grande soberania, diferentemente da Alemanha, que na época do determinismo ainda passava por um processo de unificação territorial, Vidal de la Blanche realizou estudos regionais procurando provar que a natureza exercia influências sobre o homem, mas que o homem tinha possibilidades de modificar e de melhorar o meio, dando origem ao possibilismo. A natureza passou a ser considerada fornecedora de possibilidades e o homem o principal agente geográfico.

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